Alinhou-se em eterno desalinho,
entre o futuro e eu como uma pedra no caminho. Ah saturno que constatação
infeliz descobrir em pleno vôo que és meu entrave... A resposta há tanto procurada,
a resposta exata, surreal, inusitada, porém tangível. A única explicação plausível aos sucessivos sucedidos...
Parafraseando Drummond: -Tinha uma pedra, uma enorme pedra chamada Saturno, no meio
do caminho... Do meu caminho!
O que fazer Saturno? Como diminuir a gravidade desta descoberta? Daqui da terra, grão de areia,
humano, pequeno e falho sequer te encontro na imensidão do céu quando límpido o azul-negro te
revela. Saturno, gaturno, noturno cinza como as minhas retinas que vislumbram futuro,
mas vêem a ti e logo não vêem mais nada, nada senão a ti... Que exercício cruel
o de olhar-te... Que vontade imensa de não fazê-lo... Mas como ignorar-te?
Quisera poder conquistar-te como
os físicos, como os químicos, como os astronautas. Estipular teu volume, tua
massa para então mover-te, mas com que fórmula? Qual combinação numérica ou
lógica te desalinharia? Eu que sempre preferi o calor do sentir à frieza dos números jamais
descobriria para tal expressão a resposta...
Quem dera poder dominar-te assim
como o principezinho, talvez em ti criar uma rosa, ou cultivar amizade
com uma raposa. Quem sabe majestosamente te explodisse, ou ordenasse: -Desalinha-te.
Mas neste conto infantil não há
princesas, nem reinos, apenas vida e um
pouco de fantasia. E nessa fantasia quisera eu desalinhar-te Saturno, roubar-te os anéis e assim tirar o peso do mundo das minhas costas...
Tirar do outro a responsabilidade de livrar-me de ti.
-Que me resta Saturno? Quem
sabe num dia de céu estrelado olhar-te nos olhos e com profundidade ao invés de
ordenar, com fé pedir-te docemente: - Realinha-te! Deixa-me ver além de ti, e como pelo dito por Renato encerrar essa saudade que sinto... De tudo que ainda não vi.. nem vivi.
(Este poste lunático e absolutamente conclusivo em paradoxo, nasceu num vôo para uma bela cidade... Folheando uma revista eu acabara de descobrir: -Saturno alinhado com outro astro ferrava com a vida de Cauã Reymond em 2014... E esse alinhamento explicava tantos outros desalinhos... A culpa era toda de Saturno! Ah planetinha fdp, um dia eu te explodo e desalinho a galáxia).