terça-feira, 23 de setembro de 2014

Sobre Generosidade

               Vinda do latim generositas a generosidade é definida por Aurélio como:  "Característica da pessoa generosa; particularidade de quem se sacrifica em benefício de outra pessoa; magnanimidade; ação generosa; comportamento que expressa bondade..." -Uau, pelo rebuscado das palavras usadas na definição, quão grandiosa deve ser a ação generosa, digna dos grandes e dos nobres... Ou na verdade dos própria dos HUMANOS, dos verdadeiramente humanos que por se perceberem inevitavelmente falhos e incompletos como os que acolhem.  Acolhendo-os despem-se de suas virtudes para abraçar o outro na hora de sua pequenez. 
                    Embora envolta de grandiosidade e pomposa definição este nobre gesto se efetiva no pequeno, no linear e no horizontal, na atitude de não colocar-se maior que o outro, mas junto a ele, empático. Mãos dadas na tentativa de calçar seus sapatos e experimentar o substrato doce ou amargo das situações vivenciadas, partilhar. Ser generoso é justamente isto: interessar-se de livre vontade por aquilo que embora não lhe diga respeito lhe suscite a partilha. E partilhando sentir-se movido por uma ânsia inflamada de acalentar, mover, resolver, inventar saídas em alamedas escuras embora tal solução e dispêndio de energia empregada em nada lhe venham beneficiar. Ser generoso e partilhar com o outro em benefício somente dele
                     Só conheceu a generosidade quem  precisou em algum momento ser tocado por ela, acolhido pelo desprendimento acolhedor desse ouvir e deste olhar... E quem recebe  de alguém a generosidade como presente recebe também a missão de ser generoso e devolver ao universo impresso nas pessoas todo o bem recebido como dádiva... É sem fim a gratidão expressa ao coração generoso... (Mas gratidão é assunto para outro post...)

Foto: "Tenha calma...Uma coisa de cada vez...Tudo têm seu tempo certo para acontecer..." - Charlie Brown.  ☺

(post em homenagem e gratidão a um amigo assim GENEROSO)

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Para não dizer que não falei das flores...

                -Quem inventou o amor? Explica por favor! Cantava Russo.
                Eu que quase não o vi cantar fico me perguntando: será que ele chegou à outra vida antes ou após achar para esta questão uma RESPOSTA.  E sendo assim, que me perdoem Camões e Vinícius que teceram vários significados na tentativa explicá-la. Perdoe-me até mesmo o meu Amado Chico que insistiu interrogando -O que será? Que será? Mas não se enganem caros amigos, embora seja complexa esta questão há formas bem simples de lhe elucidar.
Semente: definição que talvez não defina, mas sugira quase que fielmente de que se trata o amor! -É sim semente! Jogada ao solo dada a morte para o renascimento, rendida a transformação de morrer ao entregar-se a terra para então renascer... E renascer, frutificando, florificando, sombreando... Tendo todas as formas, todas as cores, e cheiros dos amores que tivemos... Duradouros e serenos, arrebatadores e passageiros, inocentes ou eróticos. É a semente a mãe primeira de todas essas nuances vindouras... 
Olhe bem para você mesmo, que nada mais é de que uma semente, fruto do amor de seus pais brotada do ventre da sua mãe... Semente é você, e amor que sente... Mas o que nasce? O que vem depois da semente? O que é que ela é? O que brota da semente que é o amor é algo intrínseco a ela: a relação. –Já explico!
Pensemos na mãe ser que nasceu para amar seu filho, correto? –Sim. A sua mãe, a mãe do seu amigo, a mãe da sua mãe... Mas e a mãe daquele menor abandonado que acabou de passar na TV? E a mãe daquele filho espancado que você viu no noticiário. Teoricamente todas são amor...Mas o que as diferencia é a relação para com seus filhos... Ah a relação, é isso que faz a semente virar árvore, o tipo de árvore que virá a ser. Vistosa ou seca o que a determina é cuidado, aquilo que é empregado a cada dia no tratar da semente...

E toda semente de amor existe com um potencial infinito de vir a ser uma bela árvore, que se efetiva se e somente se (como diriam os sábios matemáticos) for amado, cuidado, nutrido, podado para que possa então tornar-se o que é! 

E não nos enganemos, não é o amor uma fonte inesgotável, da qual se pode despreocupadamente usar e abusar. O amor é flor, planta e como tal necessita de entrega e zê-lo para que assim dê frutos que saciem nossas urgências e esperas, sombra para os momentos de sol escaldante, proteção para qualquer tempestade, flores que enfeitam nossa vida... Flores, diferentes das de plástico que ainda que não morram jamais, nunca nem por um dia sequer serão flores de amor.




terça-feira, 26 de agosto de 2014

Um conto de encontro autoral

Nos Patos, nas Campinas, sob forte chuva ou no alto de um castelo de cartas feito de concreto dar-se-ia o encontro porque o destino assim já o reservara. E quem contra o destino? –Nenhum de nós, nem nós dois também. É que este encontro de desejo insuspeitado já tinha dia, hora e lugar marcado mesmo sem a clareza de um porquê. Era aquele o dia e a hora... E para grata surpresa daquele agora éramos eu e você.
Uma mistura de chiado e arrastado encoberta de puro desejo... Desejo quente, ardente, urgente... Desejo doce... Como eram doces os suspiros e os cheirinhos. E os carinhos... Ah os carinhos, que toque de aveludado traziam um arrepio erótico e extasiado em toda pele ao viajar por seus caminhos.
Caminhos e estradas. E suas idas e vindas, e lindas... E findas... Mas enquanto ainda, claras. E também serenas e reluzentes como um pôr do sol na lagoa de um paraíso qualquer à beira de uma piscina... E já que então claras iluminadas, como que pela luz de uma lua minguante de sorrisinho refletida num prisma de todas as cores... Coloridas como as cores do som de um reggae transcendentemente psicodélico num luau praiano de um verão fora de época, desesperado por acontecer.
E mesmo lindas, eis que findas... Sacralizadas pela doçura calorosa de um raio de sol, dourado como eram os cabelos dela e também aquele sol que iluminou o coração e o sertão dos Patos... Eternizadas pelo verde-esperança cor das ervas que trazem cura para os males do mundo. Verde como que o das desconhecidas Campinas, onde nunca repousou o verde daquele olhar... Verde, essa cor preferida daqueles que creem naquela que não morre jamais enquanto viva no coração da memória. E que não morra agora se, quem sabe, numa nova cor este verde com amarelo-dourado puder se transformar.






Um conto com cores e rimas assumidamente autoral (porque além de meu fala de mim). Um estorinha finalmente feliz cuja trilha sonora, inspiradora e exata trata-se da musica “Meu esquema” de Mundo livre S/A (ironicamente recém-descoberta hahahha)... Digamos que este conto seja o meu Eu-lírico achando graça na beleza do vivido e por estar hoje pela saudade corroído finalmente aprendeu a verter palavras ao invés de se derramar... Espero que gostem ! =p.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

O céu que perdemos



Não sei se de algum pensador, oráculo religioso, ou da bíblia, mas esta semana a ideia do “céu que perdemos” não sai de minha cabeça... Dentre tantas as ideias que aqui dentro residem esta é a que tem sido a chave de minha reflexão semanal. Perdemos o céu não só pelo mal que fazemos, mas sobretudo pelo bem que deliberadamente (ou não) deixamos de fazer. Lembro-me ainda da primeira vez que ouvi esta frase, a sensação foi de ter tido a alma transpassada por todo o céu perdido em cada oportunidade de plantar o bem que eu não aproveitei. E não, não estou falando em céu azul de nuvens de algodão, nem me refiro ainda aquele céu guardado para o resultado do acerto de contas que nos espera no final dessa vida e no início da próxima. O céu de que falo, na verdade está bem perto e talvez a distância entre ele e a terra seja contada em pés para que essa analogia nos relembre que na maioria das vezes possuí-lo está apenas a um passo de nós.
O céu que perdemos está em todo bom dia carinhoso que deixamos de dar, na forma doce com a qual deveríamos nos referir aos que amamos rotineiramente. Está em cada gentileza que se feita seria capaz de gerar sorrisos agradecidos, em cada segundo de tempo que poderia ter sido empregado em ouvir ou falar com um amigo e na forma doce de olhar alguém no modo com o qual poderíamos se quiséssemos ter partilhado lagrimas, gargalhadas e sorrisos. O céu que perdemos esta em toda e qualquer ação, boa-ação, que por descuido ou falta de sensibilidade deixamos de realizar, de modo que, cada inação deixa de gerar a reação que equivalente lhe seria.
O céu que perdemos é aquele que não mais será nosso, pois está a mil pés, congelado pela estagnação de nossos passos... Este céu que perdemos está escondido naquela amizade que foi ficando rasa caminhar dos dias, naquele amor que poderia ter sido lindo, mas que a gente não sabe dizer o porquê não se concretizou, naquela galera bacana que só nos damos  conta do quão era bacana depois que a festa acabou... É dos outros o céu que perdemos, e não é nosso porque em virtude de nossa estagnação alguém o resgatou em nosso lugar...
Céus de pôr-do-sol, céus estrelados, céus de lua de sorrisinho, céus azuis, céus claros... Nuvens de algodão, céus de poesia, imagens, sons estelares... –Oh céus, quantos céus perdidos pela distração do nosso olhar e pela dureza de nossos pés! Que a rotina não nos subjugue a distração e nos tire o desejo possuir a beleza cotidiana dos céus da vida. Estejamos atentos... Parafraseando Lenine que tenhamos pouco mais de calma, um pouco mais de alma para perceber as raridades da vida que como as nuvens que desenham o céu passam por nós e não param! 




P s: a foto da “lua de sorrisinho” é do fotógrafo Aracajuense Guilherme Gomes e a música é Paciência de Lenine.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Quando eu quis explodir Saturno...



Alinhou-se em eterno desalinho, entre o futuro e eu como uma pedra no caminho. Ah saturno que constatação infeliz descobrir em pleno vôo que és meu entrave... A resposta há tanto procurada, a resposta exata, surreal, inusitada, porém tangível. A única explicação plausível aos sucessivos sucedidos... Parafraseando Drummond: -Tinha uma pedra, uma enorme pedra chamada Saturno, no meio do caminho... Do meu caminho!
O que fazer Saturno? Como diminuir a gravidade desta descoberta? Daqui da terra, grão de areia, humano, pequeno e falho sequer te encontro na imensidão do céu  quando límpido o azul-negro te revela. Saturno, gaturno, noturno cinza como as minhas retinas que vislumbram futuro, mas vêem a ti e logo não vêem mais nada, nada senão a ti... Que exercício cruel o de olhar-te... Que vontade imensa de não fazê-lo... Mas como ignorar-te?
Quisera poder conquistar-te como os físicos, como os químicos, como os astronautas. Estipular teu volume, tua massa para então mover-te, mas com que fórmula? Qual combinação numérica ou lógica te desalinharia? Eu que sempre preferi o calor do sentir à frieza dos números jamais descobriria para tal expressão a resposta...
Quem dera poder dominar-te assim como o principezinho, talvez em ti criar  uma rosa, ou cultivar amizade com uma raposa. Quem sabe majestosamente te explodisse, ou ordenasse: -Desalinha-te.  
Mas neste conto infantil não há princesas, nem reinos, apenas  vida e um pouco de fantasia. E nessa fantasia quisera eu desalinhar-te Saturno, roubar-te os anéis e assim tirar o peso do mundo das minhas costas... Tirar do outro a responsabilidade de livrar-me de ti. 
-Que me resta Saturno? Quem sabe num dia de céu estrelado olhar-te nos olhos e com profundidade ao invés de ordenar, com fé pedir-te docemente: - Realinha-te! Deixa-me ver além de ti, e como pelo dito por Renato encerrar essa saudade que sinto... De tudo que ainda não vi.. nem vivi.


(Este poste lunático e absolutamente conclusivo em paradoxo, nasceu num vôo para uma bela cidade... Folheando uma revista eu acabara de descobrir: -Saturno alinhado com outro astro ferrava com a vida de Cauã Reymond em 2014... E esse alinhamento explicava tantos outros desalinhos... A culpa era toda de Saturno! Ah planetinha fdp, um dia eu te explodo e desalinho a galáxia). 



quinta-feira, 13 de março de 2014

O anel de aço



-Era um simples anel de aço... Mas para mim! Insensível, incrédula e ingênua... Um simples anel de aço...
Um anel de um valor imensurável, que minha amiga me pediu para guardar e eu quase perdi... Quase perdi porque guardei,  mas não lembrava onde... E assim perderam-se algumas semanas entre tristezas, angústia e reflexões no coração da minha amiga em torno paradeiro de seu valioso anel de aço. –Eu precisei ser anel perdido para então perceber que este da minha amiga de tão valioso não tinha preço.
Boba que fui! Um anel por natureza é sempre importante, pois tem a função de representar, reviver, relembrar, afirmar uma aliança. Aliança que por sua vez trata-se de uma escolha selada e assumida diante de outrem. Posto no dedo é sinal, sinal de decisão, compromisso e entrega não por falta de opção, mas por vontade, coragem. Olha-la no próprio dedo é relembrar, não só o compromisso, mas todo o entorno que lhes diz respeito: as renuncias, o afeto, todos os sorrisos e lágrimas constituintes desse enlace sagrado...
Uma semana inteira refletindo nisso é provável que eu compre um anel... E ponha em meu dedo para que jamais esqueça do valor que tenho e assim como minha amiga eu reclame e mostre insatisfeita todas as vezes que alguém deliberadamente se portar como se eu não tivesse valor.

Um anel reluzente que firme comigo o compromisso de que meu corpo é sagrado e que por isso eu não o permita ser visitado, ou profanado por quem não veja a luz que nele habita. Que relembre que minhas qualidades existem e me fazem única no mundo e que os meus defeitos são marcas de um tempo que passou ou que ainda não chegou, portanto são mutáveis e passageiros como a vida... Um anel cujo brilho reflita minhas ideias, ideais, convicções, lutas e batalhas que fazem de mim o que sou hoje... Um sinal, que fitado por meus olhos chorosos (hora decepcionados comigo, com a vida e com as pessoas) tal qual o arco-íris relembre-me do Deus grandioso que caminha ao meu lado e que me concebeu a sua imagem e semelhança... Talvez ainda esta semana eu me presenteie com um anel, que ninguém o perca nunca!

Texto dedicado a uma amiga linda dos cabelos de Fogo dona de um valioso anel feito de aço!

terça-feira, 11 de março de 2014

Vida em trânsito

Tem momentos em que certas áreas da nossa vida meio que estancam, tal um carro que" pluft morreu" em plena rodovia sem que saibamos em exato  de qual pé foi a culpa ( freio ou acelerador). Estanca e depois "segue" como um carro religado de súbito no trânsito,  em descompasso cheia de situações que não parecem fazer muito sentido e com gosto esquisito!
Como no carro em trânsito essa hora não é hora de parar, não é hora de pânico, nem de tédio... Muito menos é hora de pressa. Vida estrada... Que nem sabe onde é final nem quando chegaremos ao ponto... Que esse estanque seja tempo propício de aprender...  Olhar em volta, em torno e sobretudo para dento... Perceber... Fazer do ato de dirigir a vida algo natural e nunca mecânico... Eu quem comanda o carro,compreendendo-o sendo um com ele e nunca o contrário...
 Corpo-carro que me leve onde eu quiser, na hora certa, na velocidade exata sem solavancos nem acidentes e destemperes. Que me permita chegar e partir assim eu queira... Dirigindo fitando o horizonte em pôr do sol, como em todas as tarde na volta do trabalho... Vida em trânsito de fluxo diverso e inconstante que por tuas estradas eu aprenda a dirigir... Dirigir-me... Eu e meu corpo-carro... Três pedais, dois pés e a minha vontade... e todas as regras e todas as multas... Marchas, retrovisores, para-brisas e eventos... Ruídos, fluidos e engrenagens... Vida em trânsito sem nunca parar vou guiando e aprendendo...
-Acho que até estou indo bem...  Tudo bem, tudo bem, tudo beeeeeem.