quinta-feira, 31 de julho de 2014

O céu que perdemos



Não sei se de algum pensador, oráculo religioso, ou da bíblia, mas esta semana a ideia do “céu que perdemos” não sai de minha cabeça... Dentre tantas as ideias que aqui dentro residem esta é a que tem sido a chave de minha reflexão semanal. Perdemos o céu não só pelo mal que fazemos, mas sobretudo pelo bem que deliberadamente (ou não) deixamos de fazer. Lembro-me ainda da primeira vez que ouvi esta frase, a sensação foi de ter tido a alma transpassada por todo o céu perdido em cada oportunidade de plantar o bem que eu não aproveitei. E não, não estou falando em céu azul de nuvens de algodão, nem me refiro ainda aquele céu guardado para o resultado do acerto de contas que nos espera no final dessa vida e no início da próxima. O céu de que falo, na verdade está bem perto e talvez a distância entre ele e a terra seja contada em pés para que essa analogia nos relembre que na maioria das vezes possuí-lo está apenas a um passo de nós.
O céu que perdemos está em todo bom dia carinhoso que deixamos de dar, na forma doce com a qual deveríamos nos referir aos que amamos rotineiramente. Está em cada gentileza que se feita seria capaz de gerar sorrisos agradecidos, em cada segundo de tempo que poderia ter sido empregado em ouvir ou falar com um amigo e na forma doce de olhar alguém no modo com o qual poderíamos se quiséssemos ter partilhado lagrimas, gargalhadas e sorrisos. O céu que perdemos esta em toda e qualquer ação, boa-ação, que por descuido ou falta de sensibilidade deixamos de realizar, de modo que, cada inação deixa de gerar a reação que equivalente lhe seria.
O céu que perdemos é aquele que não mais será nosso, pois está a mil pés, congelado pela estagnação de nossos passos... Este céu que perdemos está escondido naquela amizade que foi ficando rasa caminhar dos dias, naquele amor que poderia ter sido lindo, mas que a gente não sabe dizer o porquê não se concretizou, naquela galera bacana que só nos damos  conta do quão era bacana depois que a festa acabou... É dos outros o céu que perdemos, e não é nosso porque em virtude de nossa estagnação alguém o resgatou em nosso lugar...
Céus de pôr-do-sol, céus estrelados, céus de lua de sorrisinho, céus azuis, céus claros... Nuvens de algodão, céus de poesia, imagens, sons estelares... –Oh céus, quantos céus perdidos pela distração do nosso olhar e pela dureza de nossos pés! Que a rotina não nos subjugue a distração e nos tire o desejo possuir a beleza cotidiana dos céus da vida. Estejamos atentos... Parafraseando Lenine que tenhamos pouco mais de calma, um pouco mais de alma para perceber as raridades da vida que como as nuvens que desenham o céu passam por nós e não param! 




P s: a foto da “lua de sorrisinho” é do fotógrafo Aracajuense Guilherme Gomes e a música é Paciência de Lenine.

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