domingo, 4 de dezembro de 2011

Xeque-mate, fim de jogo


          Dizem que o amor tem razões que a própria razão desconhece... Que não está sujeito a racionalidades e calculismos... Bem, essas definições têm me feito cada vez mais ver o amor como uma abstração. Talvez amor de pai e mãe seja assim emocional, incondicional e eterno... Já o amor na relação homem-mulher, bem esse tal de amor se parece bem mais com um jogo de xadrez.

-Protejam o rei! Protejam o rei! Essa é a ordem, e a razão pela qual se movem todas as peças, o motivo pelo qual o jogo acontece: o nobre designo de dar longa vida ao rei, boa vida ao rei. E a rainha, ah a rainha... Sempre a mover-se com graça também a protegê-lo. Enfrentando todo o tabuleiro, rélis peões, imponentes torres, astutos cavalos, bispos perspicazes, rainhas inimigas. Colocando-se próxima, distanciando-se posicionando-se estrategicamente para manter o rei a salvo, ah e tudo isso de forma muito natural salientas-se... Ou é isso, ou XEQUE! Morre o rei e fim de jogo.
Rei, rei, rei aquela pecinha com coroa reluzente ostentada acima da cabeça, aquele que move-se para qualquer direção uma casa de cada vez, o tal de quem se deve manter distancia mas não tão longa para que não se perca sucumbindo ao poder de uma outra rainha ou peça qualquer. Aquele de quem se deve estar perto, mas não tão perto para que este não seja (ou se sinta) encurralado. É isso ou xeque, repito.
-Então Xeque, Xeque-Mate. De forma não-natural reservo-me ao direito de retirar minha rainha da frente do rei, reizinho de merda tão frágil em sua magestade: fim e jogo, pecinhas de volta na caixa porque no verão acredito que amor... Amor tenha mais em comum com contemplar o mar num fim tarde do que jogar xadrez!  

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Eu odeio as pessoas



Isso é la texto que se escreva em pleno dezembro? Isso é lá título que se dê a um texto, assim em pleno final de ano? Bem se sim ou se não eu não me importo, o que importa é que Borboleteando em meus pensamentos essa foi minha nova grande descoberta (que logo será substituída por outra, mas não agora). O fato é que hoje acordei odiando e muito as pessoas, sobretudo a sua tendencia a nomear por  naturalidade a conveniência e a superficialidade com que vivem, odiando profundamente o seu "desapego ancorado" que as liberta mas prendem seu próximo... Acordei odiando todos os conselhos que as pessoas dão mas não seguem, e a censura que fazem ao meu jeito lógico e "pé no chão" de ver as coisas. Acordei injuriada com o não esperar, não envolver, não importar... Viver para mim é outra coisa, é o todo o tudo e o até o fim. Massa encefálica pensante, polegar opositor duas de tantas outras coisas próprias da minha condição de humanidade que sumariamente me impedem de viver como se eu fosse um corpo inanimado e flutuante. E por isso só por isso me dou ao direito de hoje, só por hoje odiar as pessoas. Essas pessoas.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A montanha e o trem


Ainda pensando sobre os desarranjos emocionais, desses que todo ser humano normal passa no final de algumas relações afetivas constato que tratam-se de situações que remetem emoções e sensações muito parecidas com as experimentadas num parque de diversões. Sim! Finais de relacionamentos amorosas nos transportam a parques de última geração, porém com um único brinquedo em funcionamento e de entrada obrigatória: a montanha-russa. E se não há escolha, uma vez dentro do carrinho é encarar as vertigens e os descompassos alucinantes até o final da viajem.
Separações se assemelham as primeiras subidas na montanha: altas demais, demorosas demais e difíceis, é comum pensar que o carrinho não dará conta de chegar ao topo... Mas ele sobe, chegando lá é possível contemplar a beleza do parque visto de cima, e também constatar o quanto lá é alto e solitário. As primeiras descidas são como os dias... Parecem eternas! Parece que o coração vai sair pela boca, que o cinto vai abrir, que a queda será feia, que não escaparemos. Resta fechar os olhos e descer, encarar o frio na barriga o vento na cara não se pode fazer muito além disso.
Depois chegam os períodos calmos, sem muitas trepidações nos trilhos e então novas subidas e novas descidas. É difícil de acostumar, embrulha o estomago, não se pode voltar, não se pode descer do carrinho, apenas seguir viajem... Algumas montanhas ainda tem Loopings, são o auge da emoção na montanha, quando neles tudo fica de cabeça para baixo, parece que trocaram o mundo de lugar, a gente grita, xinga, e torce para o carrinho não se descolar e cair dos trilhos, ou então para que ele descole de uma vez e acabe logo com essa viajem que parece eterna e por demais difícil...
Eis que então em algum momento a inconstância e instabilidade da montanha começam a se tornarem comuns, a gente para de pensar que vai morrer e a viajem se torna extremamente agradável, daí é soltar os braços, gritar e curtir porque já, já... Aquela freiada brusca que sacode a gente e... Acabou! É chegada a hora de descer e contemplar a suntuosa montanha... Nesse momento, vista de baixo e depois de vencida, só se diz duas coisas –Ufa finalmente acabou,  ou –Ah, nem era assim tão grande vai... Independente disso, a viajem terá certamente valido a pena porque a gente nota que sai dela  mais rico, mais forte, desprendido, valente... Melhor.

domingo, 11 de setembro de 2011

Esquizofrenias Afetivas

            -Você não está vendo? Mas está aqui olha, do meu lado! Frases comuns no cotidiano de qualquer esquizofrênico que vive na companhia do que mais ninguém vê, ouve ou sente. Sensação comum e própria de quando a gente não está bem, e sofre de algum mal que nos acompanha sem que ninguém enxergue: a chamada esquizofrenia afetiva, ela e seus fantasmas que mais ninguém nota, que quase ninguém compreende.
 É um tipo de companhia cruel capaz de transformar qualquer cotidiano num passeio de trem fantasma, desses de ultima geração, pelo constante exercício de perceber ausências, administrar desejos, engolir lembranças para tentar adequar-se a normalidade, afinal falar sobre aquilo que ninguém vê pode ser, por demais, estranho e enfadonho.
Não é alegre o mundo do esquizofrênico porque não se trata de fantasiar um mundo claro e colorido, mas são muitas vezes sem direito a defesa, ser invadido por presenças inconvenientes, estranhas, tristes, mesmo quando em belos passeios, mesmo quando perto de boas companhias, é não poder desfrutar bem de momentos felizes porque diante da projeção do fantasma a realidade fica ofuscada, os sorrisos menos alegres, as conversas entediantes. E fica-se a impressão de estar preso no mundo errado, do qual quase sempre quer sair, mas como?
 Bem, ainda não se sabe por quê se fica esquizofrênico, mas uma vez instalada a doença o tratamento precisa ser contínuo: é preciso encontrar o remédio e a dosagem adequada e aliá-lo a uma terapia que funcione. Não tem outra escolha... É remédio e terapia... Remédio e terapia... Remédio e terapia... 
Leia-se oração e um novo hobby, ou compras e dançar, ou dormir e engajar-se em alguma obra de caridade, ou trabalhar e meter a cara nos estudos... Enfim encontrar algo que desvie a atenção do fantasma, até que ele se torne menor e desapareça.
 Até que esse dia chegue será preciso conviver...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Amar é florescer...

E eu que vinha pensando ultimamente sobre o amor sem chegar a nenhuma conclusão inteligente, ouvi  numa novela das 7, dessas que ninguém dá muita bola, esta constatação genial:
- Deixa estar, que o amor é um jardim antigo que sempre volta a dar flores... Grande momento de inspiração viu seu autor. E eu concordo. O amor é mesmo esse jardim fértil, não importa a estação, ele sempre pode voltar a florir. Mas não nos enganemos... Ele disse flores, não disse essas ou àquelas flores...
E é bem verdade o que diz o autor - O amor não são as rosas, mas muitos se enganam encantados por sua beleza e perfume... Assim acreditam que amar é agarrar-se as rosas que um dia possuíram, olhando roseiras velhas que morreram e não mais produzirão sem coragem de arranca-las... Gastam seu tempo admirando seu saudoso jardim imaginário desperdiçando oportunidades de recria-lo com novas cores e perfumes. Rosas... rosas são  tão somente o resultado, resultado de um jardim bem cuidado, bem nutrido, fértil, propício a florescer. Se não pode mais florescer não adianta o cultivo. 
O jardim também não é o amor, ele é apenas o lugar propício para que as flores cresçam, ganhem viço, espalhem beleza e perfume, nenhum jardim descuidado é capaz de produzir beleza e perfume. Num jardim cheio de roseiras mortas, mato alto, ervas daninhas não é possível o cultivo de novas mudas outras espécies. Sendo assim o amor é na verdade, muito mais o cuidado dedicado ao cultivo das rosas e a manutenção do jardim. Amar é florescer, é tornar possível que se brotem os botões e que estes tornem-se rosas. 
Só o amor torna as coisas possíveis , se não for capaz de fazer crescer na terra o botão... Não é amor é apego, costume, nostalgia. É jardim sem rosas.