Não sei se de algum
pensador, oráculo religioso, ou da bíblia, mas esta semana a ideia do “céu que
perdemos” não sai de minha cabeça... Dentre tantas as ideias que aqui dentro
residem esta é a que tem sido a chave de minha reflexão semanal. Perdemos o céu
não só pelo mal que fazemos, mas sobretudo pelo bem que deliberadamente (ou
não) deixamos de fazer. Lembro-me ainda da primeira vez que ouvi esta frase, a
sensação foi de ter tido a alma transpassada por todo o céu perdido em cada
oportunidade de plantar o bem que eu não aproveitei. E não, não estou falando
em céu azul de nuvens de algodão, nem me refiro ainda aquele céu guardado para
o resultado do acerto de contas que nos espera no final dessa vida e no início da
próxima. O céu de que falo, na verdade está bem perto e talvez a distância
entre ele e a terra seja contada em pés para que essa analogia nos relembre que
na maioria das vezes possuí-lo está apenas a um passo de nós.
O céu que
perdemos está em todo bom dia carinhoso que deixamos de dar, na forma doce com
a qual deveríamos nos referir aos que amamos rotineiramente. Está em cada
gentileza que se feita seria capaz de gerar sorrisos agradecidos, em cada
segundo de tempo que poderia ter sido empregado em ouvir ou falar com um amigo
e na forma doce de olhar alguém no modo com o qual poderíamos se quiséssemos
ter partilhado lagrimas, gargalhadas e sorrisos. O céu que perdemos esta em
toda e qualquer ação, boa-ação, que por descuido ou falta de sensibilidade
deixamos de realizar, de modo que, cada inação deixa de gerar a reação que
equivalente lhe seria.
O céu que
perdemos é aquele que não mais será nosso, pois está a mil pés, congelado pela
estagnação de nossos passos... Este céu que perdemos está escondido naquela amizade
que foi ficando rasa caminhar dos dias, naquele amor que poderia ter sido lindo,
mas que a gente não sabe dizer o porquê não se concretizou, naquela galera
bacana que só nos damos conta do quão
era bacana depois que a festa acabou... É dos outros o céu que perdemos, e não
é nosso porque em virtude de nossa estagnação alguém o resgatou em nosso lugar...
Céus de
pôr-do-sol, céus estrelados, céus de lua de sorrisinho, céus azuis, céus claros...
Nuvens de algodão, céus de poesia, imagens, sons estelares... –Oh céus, quantos
céus perdidos pela distração do nosso olhar e pela dureza de nossos pés! Que a
rotina não nos subjugue a distração e nos tire o desejo possuir a beleza
cotidiana dos céus da vida. Estejamos atentos... Parafraseando Lenine que tenhamos pouco mais de calma, um pouco mais de alma para perceber as raridades da vida que como as nuvens que desenham o céu passam por nós e não param!
P s: a foto da “lua de sorrisinho”
é do fotógrafo Aracajuense Guilherme Gomes e a música é Paciência de Lenine.
Muito bom
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